sexta-feira, abril 07, 2006

pedras que falam...

caminhando pedra afora,
por vielas outrora familiares,
cada passo traz o insólito,
da juventude mal passada...
o vento corta o gelo de uma outra era,
o bater do pé, a dor da latente ferida;
o sapato preto polido a cuspo
galga o caminho que desconhece
sem norte a direito, sul a recuo...
a lua perde o brilho por detraz
de uma qualquer nuvem em forma de coelho
tirado da cartola de um prestigidador frustrado
quem sabe da magia do desconhecido
perdida na ciencia do dia-a-dia
antes a batida do pacote fumado
trazia a promessa da recompensa
agora a morte no prepúcio;
quem sabe o caminho para casa?
o verdadeiro lar da mente?
o lar doce lar apregoado na boca do povo
perdido para sempre com o passar dos anos;
seremos nós quem o perde?
ou será trocado pelo comercialismo de mais
uma fé mal colocada no espirito humano...
um lampião abandona a sua função imposta,
espera a troca que não acontece
na promessa de uma imortalidade que se obscurece;
de novo caminho...
sempre sem rumo, direito a casa
na esperança de algo novo
de algo inrotinário
mas sempre com olho no alvo
a direito, a norte...
tento ouvir, escutar o silêncio...
das pedras que falam...

Mike Maciel 07/04/2006